Organização Mundial de Saúde adverte que queima de madeira, carvão e esterco dentro de casa dobra risco de pneumonia em mulheres e crianças devido à exposição a fumaça.
Maria José Veloso, moradora do Aglomerado Santa Lúcia, Zona Sul de em Belo Horizonte, usa diariamente o fogão a lenha para economizar gás de cozinha
[Reportagem publicada no Jornal Estado de Minas de 08 de Maio de 2006]
Genebra – Metade da população do mundo queima madeira, carvão, esterco e outros combustíveis sólidos para cozinhar ou aquecer suas casas, expondo-se a uma fumaça perigosa que mata 1,5 milhão de pessoas por ano. A afirmação é da Organização Mundial de Saúde (OMS), entidade das Nações Unidas (ONU).
De acordo com o órgão de saúde, mulheres e crianças na África e na Ásia estão especialmente vulneráveis poluição do ar dentro de casa devido a fogueiras e fogões pouco ventilados. As crianças correspondem a até 800 mil do 1,5 milhão de pessoas que morrem anualmente devido poluição de combustíveis caseiros, as mulheres representam 500 mil mortes e os 200 mil restantes são de homens.
“Diariamente, e durante horas, mulheres e crianças respiram uma quantidadede de fumaça equivalente a fumar dois maços de cigarro por dia”, disse a OMS. Ainda assim, no relatório intitulado Combustível para a vida: energia domiciliar e saúde, a organização com sede em Genebra, disse que custaria até US$ 6 (cerca de R$ 12) por família para instalar fogões mais ventilados e eficientes nos países em desenvolvimento.
O diretor-geral da OMS, Lee Jong-wook, afirma que “disponibilizar combustíveis mais limpos e fogões melhores para milhões de pessoas pobres nos países em desenvolvimento reduziria a mortalidade infantil e melhoraria a saúde da mulher”. Inalar fumaça dentro de casa dobra o risco de pneumonia em crianças e triplica o risco de adultos sofrerem de doenças pulmonares crônicas, em relação a quem cozinha com eletricidade, gás e outros combustíveis limpos, afirmou.
PRODUTIVIDADE
Diminuir pela metade os 3 bilhões de pessoas em todo o mundo que cozinham com combustíveis sólidos, até 2015, custaria entre US$ 13 bilhões e US$ 43 bilhões por ano, dependendo da fonte substituta de energia usada, disse a OMS. O uso de gás liquefeito de petróleo seria mais barato do que o etanol. Mas isso economizaria até US$ 91 bilhões por ano em 10 anos nos serviços de saúde, com menos doenças, menos mortes e mais produtividade.
“Com mais tempo disponível, as crianças iriam melhor na escola, enquanto suas mães poderiam cuidar de crianças, trabalhar na agricultura ou em outras atividades que são fontes de renda”, disse Jong-wook. A prioridade, segundo o relatório, é disponibilizar fogões mais bem ventilados para metade da população que usa fogões ineficientes. Esse recurso poderia economizar US$ 34 bilhões em gastos com combustíveis por ano, segundo o relatório.
“Diariamente, e durante horas, mulheres e crianças respiram uma quantidade de fumaça equivalente a fumar dois maços de cigarro por dia” • Relatório da OMS.
