Fumaça desprendida em residências dos países em desenvolvimento mata 1,6 milhão de pessoas por ano.
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A fumaça desprendida do carvão e da lenha usados em muitas residências dos países em desenvolvimento mata anualmente cerca de 1,6 milhão de pessoas e provoca graves doenças respiratórias, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Coincidindo com a celebração do Dia Mundial das Mulheres no Meio Rural, quinta-feira, a entidade e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) advertem que mais da metade das famílias de todo o mundo continuam utilizando combustíveis sólidos, entre eles resíduos agrícolas e excrementos de animais. “A fumaça desprendida desses combustíveis contém uma mistura tóxica de partículas e substâncias químicas que penetram no organismo e aumentam em mais de 100% o risco de contrair doenças respiratórias, como a bronquite e a pneumonia”, assinalam a OMS e o PNUD, em comunicado conjunto divulgado em Genebra, na Suíça. Os dois organismos especializados das Nações Unidas alertam que esse tipo de prática acontece particularmente em regiões rurais de países em desenvolvimento e afeta sobretudo a população mais vulnerável. “Diariamente e durante horas, mulheres crianças das zonas rurais respiram, em seus lares, volume de fumaça que ultrapassa de longe as normas de segurança internacional”, acrescentam.
MISÉRIA A OMS e o PNUD afirmam que um estudo elaborado por especialistas de vários organismos, sobre as perspectivas energéticas no mundo, conclui que a quantidade de fumaça desprendida nessas casas “equivale ao consumo de dois maços de cigarro por dia”. No entanto, lamentam que “essas pessoas não tenham escolha: ou utilizam esses combustíveis ou não podem comer”. E acrescentam que, além desses danos para sua saúde, muitas pessoas dos países mais pobres.
Análise da notícia
O alerta da OMS e do PNUD é muito importante para o Brasil, país com vasto território rural, onde a lenha e o carvão continuam sendo intensamente usados. Mas não só o morador do campo deve ficar atento. Também nas cidades o consumo de carvão é muito elevado, já que o churrasco dos fins de semana, em residências, clubes e sítios, tornou-se uma das principais opções de confraternização e lazer. Evidentemente, o tempo de exposição à fumaça é muito menor. No entanto, parece legítimo deduzir que, ainda assim, bem não fará a mistura tóxica a quem já sofre de doença respiratória, como asma e bronquite, especialmente se for criança. (Ronaldo Solha) se vêem obrigadas a “dedicar até três manhãs por semana ao recolhimento de lenha”, tarefa que priva as mulheres com menos recursos de “ter uma vida mais produtiva ou de dispor de um emprego remunerado, para complementar os ganhos familiares”.
Os organismos advertem, além disso, que em determinadas regiões em conflito, entre quais a de Darfur (Oeste do Sudão), apanhar lenha implica outros riscos. “Numerosas mulheres que saíram dos acampamentos de refugiados para apanhar lenha foram violadas e seus filhos seqüestrados, agredidos assassinados”, diz o comunicado.