28 de novembro de 2003 por Alex Kirby
A fumaça resultante de cozinhar dentro de casa ou de outro ambiente fechado mata uma pessoa a cada 20 segundos nos países em desenvolvimento, de acordo com uma ONG britânica.
Segundo o Grupo de Intermediação do Desenvolvimento Tecnológico (ITDG, na sigla em inglês), a fumaça dentro de casa mata mais gente do que a malária e quase tantas quanto a água contaminada e a falta de saneamento básico.
O problema afeta mais de 2 bilhões de pessoas que queimam madeira, carvão, vegetação e esterco para aquecer alimentos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que fogões ineficientes podem ser tão prejudiciais à saúde quanto fumar dois maços de cigarro por dia.
Fornos de carvão
O ITDG afirma que 2,4 bilhões de pessoas queimam biomassa (matéria orgânica) para cozinhar ou aquecer o ambiente.
Segundo a organização, a fumaça doméstica é a quarta maior causa de morte e doença nos países mais pobres do mundo, matando anualmente 1,6 milhão de pessoas. Quase um milhão dos óbitos ocorre entre crianças.
De acordo com o ITDG, a incidência de câncer de pulmão em mulheres na China está diretamente ligada ao uso de fornos de carvão.
Mais da metade das pessoas que cozinham com biomassa vive na Índia e na China, mas, em muitos países da África Subsaariana, mais de 90% adotam essa prática.
Em partes da Ásia Central, onde gás e eletricidade costumavam ser acessíveis nos dias da antiga União Soviética, as pessoas estão sendo obrigadas a voltar a utilizar biomassa.
A resposta para o problema é que se passe a utilizar combustíveis menos poluentes, mas a maioria das pessoas que usam biomassa não têm poder aquisitivo para fazer a troca.
Poluição doméstica
O ITDG acredita que o problema pode ser minimizado, contudo, com a construção de fogões com chaminés bem projetadas, por exemplo. Com isso a poluição doméstica poderia ser reduzida em até 80%.
A ONG britânica estima que o custo total de se permitir que bilhões de pessoas tenham um ar mais saudável dentro de casa seja de US$ 2,5 bilhões por ano nos próximos 12 anos.
Cowan Coventry, executivo chefe do ITDG, diz que a queima de biomassa “é uma tecnologia que mudou pouco desde a Idade da Pedra e transforma casas em câmaras de gás para mulheres e crianças”.
“É um escândalo internacional que, enquanto o mundo gasta milhões de dólares no combate aos níveis de poluição nas cidades ocidentais, a mortalidade causada por níveis letais de fumaça nas casas dos países pobres é negligenciada”, afirmou Coventry.
A organização quer que a ONU formule um plano de ação global nos moldes da resposta da comunidade internacional contra a fome, a Aids, a água contaminada, a falta de saneamento e a malária.